«Because the boys watching today will be the men of tomorrow»
Apesar de não ser recente, só agora me deparei com este anúncio da Gillette. Devo dizer que fiquei arrepiada de o ver, e até me chegaram as lágrimas aos olhos. Por uma razão muito simples: parece que foi só agora que, enquanto mulher, vi realmente o primeiro esforço masculino para uma mudança tão desejada.
Não digo que os homens são todos maus e tóxicos, e penso que todas as mulheres conhecem exemplos bem diferentes. No entanto, de uma forma generalizada, todas nós vemos atitudes e comportamentos errados - não apenas no mundo real, mas especialmente nos filmes, séries, televisão, etc. E, só por isso, vale a pena ver esta mudança de mentalidade numa marca notoriamente masculina.
Tudo no anúncio é, na minha opinião, genial: desde o slogan, que passa de "the best a man can get" para "the best men can be" (e a subtil passagem para o plural não passa despercebida), à mensagem poderosa subjacente em voz-off, acompanhada de igualmente imagens marcantes e com as quais nos identificamos. Adoro as referências: o bullying, o assédio sexual, o quase-ditado "boys will be boys", o ambiente de trabalho tóxico onde uma mulher se insere no meio de homens.
A verdade é que vivemos num mundo onde muitas coisas más acontecem, e pouco ou nada se tem feito para mudá-las. Não concordamos com muitas coisas, mas é mais fácil ficar em silêncio do que dizer algo, especialmente se temos de confrontar os nossos pares ou o nosso género. Expressões como "boys will be boys" só servem para menosprezar e descartar a responsabilidade de tomar uma atitude e dizer algo. E é assim que se perpetua uma mentalidade retrógrada e misógina.
Fico contente por começarmos a ver homens que, finalmente, fincam o pé e tomam uma posição: a de não ficar mais em silêncio e compactuar com os antigos estereótipos.